quarta-feira, novembro 03, 2010

TOSCANA - ITÁLIA

SDC16232Finalmente, fomos à Itália. Foram 14 dias maravilhosos de uma comemoração atrasada dos nossos 20 anos de casados. Mas não fizemos como muitas pessoas que pagam um pacote para as principais cidades turísticas de um país. A nossa foi mais romântica e sem a obrigação de visitar locais badalados e cartões postais.

imageA primeira coisa que fizemos foi definir onde ficar e como aproveitar os dias. É claro que contamos com a ajuda habitual da nossa amiga Lélia, da Mundo Afora Viagens, para programar o roteiro, comprar passagens mais baratas, reservar hotéis, alugar o carro, contratar seguro e tirar a carteira internacional de habilitação. Além disso, em todas as situações em que precisamos de ajuda, ela sempre estava presente e respondia às mensagens de texto no celular.

Outra dica é que o celular da CTBC já tem roaming automático na Itália toda. Portanto, se você é cliente da CTBC, só precisa ligar no atendimento e dizer que vai viajar para o exterior e pronto.

A Alitalia não foi uma boa opção de companhia aérea. Tanto na ida, quanto na volta, as nossas poltronas não reclinavam direito. Os equipamentos de controle de vídeo e som são muito ruins e demoram a responder aos comandos. Da mesma forma, o serviço de bordo é péssimo e os comissários são arrogantes. Eu não me considero ufanista e falo inglês, mas acho um absurdo que num vôo que sai do Brasil para a Itália a tripulação só fale em idioma italiano ou inglês. E nem ao menos se esforçam para nos entender em português. Já viajei para a europa pela TAM e tanto a aeronave quanto a tripulação são excelentes.

Como queríamos passear pela Toscana e conhecer os seus encantos, decidimos nos hospedar primeiro em Firenze (Florença), a sua capital. Isso porque Firenze fica no centro da Toscana e tudo o que gostaríamos de ver ficava dentro de um raio de, no máximo, 100 Km. Alugamos um carro, que pegamos no aeroporto de Roma no dia em que chegamos. E aqui vão as primeiras dicas:

** Se vai alugar um carro na europa, peça um carro básico. Pela categoria paga, nós pegamos um Renault Clio que nada tem a ver com os do Brasil. São bem superiores e mais equipados do que os nossos.

** Não se esqueça de tirar a carteira internacional de habilitação. Demora de 10 a 15 dias para chegar e é a primeira coisa que pedem quando você vai retirar o carro.

** Leve um GPS com mapa atualizado. Até as estradinhas vicinais de terra estavam cadastradas e não tivemos nenhum problema para encontrar os caminhos. Fez toda a diferença…

** A autoestrada A1 tem um limite de velocidade de 130 Km/h, mas se você ficar à esquerda da via vai ser atropelado pelos Audi, BMW, Porshe, Ferrari que passam a, pelo menos, 180 Km/h.

** Estude o mapa da Itália pelo Google Maps (www.maps.google.com). Mesmo com GPS, é bom saber pra que lado está indo e se perto do seu destino tem uma outra cidadezinha que vale à pena dar um pulo.


Exibir mapa ampliado

Chegamos por Roma, mas pegamos logo a estrada a partir do aeroporto para Florença. Dizem que Roma tem um trânsito caótico e preferimos não enfrentá-lo naquele dia. Voltaríamos de trem depois, o que não aconteceu…

Como estávamos cansados da viagem de 11 horas de vôo e a diferença de 5 horas de fuso (+5h na Itália com relação ao Brasil) decidimos ir pela autoestrada para chegarmos logo e descansar um pouco. Mas, pelo caminho, eu (Fabiana dormia) avistei uma cidadela no topo de uma colina e resolvi sair da estrada para conhecer. Assim, ficamos encantados pela primeira cidadela que conhecemos na Toscana: Magliano Sabina. Não está na lista das nossas cidades-alvo, mas começamos lá mesmo a nos encantar pela arquitetura medieval e o cuidado que os moradores têm com a limpeza e as flores nos beirais das janelas e portas. Muito comum na Itália, eu fotografei (abaixo) uma casa com uma espécie de afresco da figura de Nossa Senhora com Jesus no colo. Despretenciosamente, entramos na igreja da cidade. Não tinha ninguém lá dentro e pudemos nos deliciar com a beleza das pinturas no teto e o órgão de tubos, que eu gostaria de ter ouvido ser tocado.

Passeamos por cerca de 1 hora em Magliano Sabina e seguimos viagem para Florença.

Em Firenze, ficamos no Anglo American Hotel Firenze, um 4 estrelas próximo ao centro da cidade e às principais atrações turísticas. Apesar de não ser o nosso objetivo ficar visitando museus e ícones turísticos, andamos bastante por Firenze já que dizem ser uma galeria de arte a céu aberto. Na verdade, a Toscana toda é uma obra de arte a céu aberto.

Especialmente, eu indico a Galleria Degli Uffizi para quem gosta de arte renascentista. Há inúmeras obras (pinturas e esculturas) de diversos artistas como Michelangelo, Leonardo Davinci e Caravaggio.

*** Dica quente: não deixe para comprar o bilhete de entrada para o Uffizi na hora. Compre pela internet, pois a fila de entrada para quem já comprou é bem menor. Se deixar para comprar na bilheteria, reserve pelo menos mais 1 hora e meia do seu dia para enfrentar a fila. Mas veja, na foto abaixo, porque vale a pena.

Caravaggio

A Galleria fica próxima à Piazza della Signoria, onde ficam o Palazzo Vecchio, a igreja Santa Croce e a Fontana del Nettuno. A quantidade de estátuas nessa praça e a qualidade do trabalho são impressionantes. Eu fiquei fascinado com os detalhes do pé da estátua da foto abaixo que parece viva. Vale à pena conferir.

SDC16112

Nas ruas em volta dessa praça, há uma infinidade de lojas para comprar as lembrancinhas. Há lojas pra todos os gostos e bolsos: de bugigangas a lojas como a da Ferrari, Louis Vuitton e Prada.

A uns 300 metros, fica a Piazza del Duomo, onde você pode visitar o Duomo da Cattedrale di Santa Maria del Fiore. Mas vá preparado(a), pois são mais de 400 degraus para chegar ao topo e ter a vista da foto abaixo. Se você tiver claustrofobia, não se aventure, pois o caminho é longo, estreito e cheio de gente subindo e descendo. Em alguns pontos da subida o congestionamento de pessoas não nos deixava ir para a frente em um local totalmente abafado.

SDC16078

Eu indico, em especial, dois restaurantes para jantar em Firenze:

Um deles é o Ristorante La Grotta Guelfa, que fica na via Pellicceria, 5R, perto da Piazza della Signorina. Tente uma mesa na parte externa do restaurante. Tem ceveja (birra), diversos vinhos e, caso queira experimentar, o da vinho da casa é muito bom. Na primeira página do menu, há opção de escolher um dos pacotes preparados para turistas que têm preços interessantes e são bem servidos, incluindo o vinho.

O outro restaurante muito charmoso é o Trattoria La Carabaccia, montado em uma antiga taberna do século XVII e que mantém, até hoje, LaCarabacciaos mesmos arcos de tijolos daquela época.  Descendo as escadas, há uma pequena adega com mesa e cadeiras que não dá para descrever, mas dá para mostrar na foto ao lado.

Carabaccia era um barco no formato de casca de noz, que transportava areia e sal pelo Arno, o rio que atravessa toda Fizenze. É também o nome de uma receita de sopa, encontrada no menu de vários restaurantes locais. Mas o que interessa é que a comida é excelente. Eu comi, como secondo piatto a famosa bisteca fiorentina fatiada que derretia na boca. 

Os italianos têm o costume de servir uma refeição completa composta da entrada, o primeiro prato, o segunto prato e a sobremesa. A entrada, ou como nós a conhecemos, o antipasto, tem como opções carpaccio de carne ou de atum, presunto crú com melão ou algum creme, a nossa conhecida bruschetta, crostini e algum tipo de salada. O primeiro prato (primo piatto) é basicamente massa do tipo spaghette, tagliatelle, fettuccine, farfalle, etc. O segundo prato (secondo piatto) é carne de vaca, peixe, coelho, carneiro, frango, porco. Alguns restaurantes oferecem várias opções de tipos de carnes e outros, mais simples, normalmente só vaca e porco.

*** DICA QUENTE: não deixe de pedir, como “digestivo”, o famoso limoncello, um licor de limão servido bem gelado. É imperdível.

image image

Bem, uma vez em Firenze, fizemos um roteiro básico para visitar as principais cidades num raio de até 70 km para as quais havíamos planejado ir. Assim, a oeste de Firenze, fomos a Lucca, Pisa e Vinci, a cidade onde Leonardo da Vinci nasceu.

Lucca é outra daquelas cidades medievais da Toscana que merecem reservar um dia para conhecer. Passear pelas ruelas, cuja largura não comporta 2 carros pareados, com calma e atento aos detalhes é revigorante. Aliás, a gente anda quilômetros e não se dá conta, pois sempre que pode dá uma paradinha para um lanchinho, um sorvete ou uma birra (cerveja em italiano) numa das muitas trattorias que existem por lá. A gente sempre encontra algo de diferente, inusitado, e fica horas admirando a paisagem. E paisagem bonita é o que não falta nesse lugar.

O primeiro registro de Lucca foi feito por Lívio que a mencionou como parte da República Romana desde pelo menos 218 a.C., sendo que em 180 a.C. ela constava como uma colônia romana, e como municipium em 90 - 89 a.C.

O centro histórico de Lucca preserva o projeto de ruas romano e a Piazza San Michele ocupa o local de um antigo forum. Vestígios de um anfiteatro ainda podem ser vistos na Piazza dell'Anfiteatro. Foi em Lucca que se deu a conferência de 56 a.C. que reafirmou a superioridade do Primeiro Triunvirato Romano

Pisa é controversa. Tem gente que diz não ver nada demais em Pisa a não ser a Torre famosa por ser inclinada. Mas eu particularmente (e a Fabiana também compartilha dessa opinião) adorei a praça onde fica a torre de Pisa. É muito bonita e intrigante. A torre é um espetáculo à parte, mais pela beleza arquitetônica e pelos detalhes entalhados no mármore branco do que propriamente por estar inclinada. Mas a composição do conjunto de prédios construídos nesse local aberto com um gramado onde todos se deitam para apreciar a paisagem é que dá uma sensação de paz, que só quem não tem sensibilidade para dizer que não gostou de Pisa.

Vinci é a cidade em que Leonardo da Vinci nasceu. Um dos maiores pintores do Renascimento e, possivelmente seu maior gênio, por ser também anatomista, engenheiro, matemático, músico, naturalista e filósofo, bem como arquiteto, escultor e reinventor da fábula na Itália.

Na verdade, a casa em que ele nasceu fica a uns 3 Km do centro da cidadezinha, mas o nome do gênio foi dado por causa da cidade (Leonardo di Ser Piero da Vinci – Leonardo, filho de Piero, de Vinci). Obviamente há um museu sobre ele lá. Mas não existem pinturas dele nesse lugar, mas um monte de aparelhos, metodologias, máquinas e artefatos que ele construia e utilizava para entender a geometria das figuras, os efeitos de luz e sombra, perspetivas e algumas miniaturas das máquinas que projetava. Só estudando um pouco do que é mostrado lá para entender a sua genialidade. Antes de desenhar e pintar, ele entendia toda a ciência por trás daquela imagem. É incrível.

Além disso, mais uma vez, a paisagem fora dos muros da cidade é inebriante. Se subir na torre do museu, dá pra ver toda a região.

Ao sul de Firenze, nós fomos visitar o vale do famoso vinho Chianti, Greve in Chianti. É uma região igualmente bonita pelas grandes plantações de uvas e azeitonas. Nós só não conseguimos degustar o vinho, pois a vinícola em que entramos só abria depois das 14:30h e não queríamos esperar por 2 horas.

Mais ao sul ainda, nós visitamos também cidades como Siena, San Gimignano, Pienza.

Siena é universalmente conhecida pelo seu património artístico e pela notável unidade estilística do seu centro histórico, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. Segundo a mitologia romana, Siena foi fundada por Sénio, filho de Remo, e podem-se encontrar numerosas estátuas e obras de arte mostrando, tal como em Roma, os irmãos amamentados pela loba. Foi um povoamento etrusco e depois colônia romana (Saena Julia) refundada pelo imperador Augusto. Era, contudo, uma pequena povoação, longe das rotas principais do Império. No século V, torna-se sede de uma diocese cristã. A praça principal, em forma de meia-lua, é a Piazza del Campo, e é onde se encontra o Palazzo Pubblico (câmara municipal ou prefeitura, século XIV), com o famoso Campanile (campanário), e onde se encontram os afrescos de Simone Martini e Ambrogio Lorenzetti e relevos da Fuente Gaia de Jacopo della Quercia. Nesta praça também está a alta Torre del Mangia. Na Piazza del Campo realiza-se a famosa e emotiva corrida de cavalos chamada Palio di Siena. O Palio é feito duas vezes por ano, a 2 de Julho e 16 de Agosto, com 10 cavalos e cavaleiros, e cada par representa um dos 17 bairros da cidade, designados contrade. Excepcionalmente, em anos de Jubileu realiza-se um terceiro Palio.

Vale à pena visitar a Biblioteca Comunale degli Intronati. Existem registros manuscritos (foto abaixo) das batalhas travadas entre as cidades próximas e Siena nos séculos XII e XIII escritos pelos seus próprios comandantes.

Ah, não deixe de tomar um gelato (sorvete) italiano… é muito bom.

San Gimignano foi um capítulo à parte da nossa viagem. Cidadezinha de 7.105 habitantes e com um charme todo especial, foi fundada no século X no topo de uma colina do Val D’Elsa (Colle di Val D’Elsa) pelos Etruscos. Além das ruas e casas geminadas de pedras medievais, foi onde nós mais vimos afrescos e símbolos em relevos daquela época (fotos). Mas o mais marcante aconteceu quando nós entramos em uma espécie de pátio, um beco de casas muito floridas e arrumadas com uma acústica perfeita e um homem tocando Ave Maria (Schubert) na flauta transversa. Tudo bem que ele estivesse ali para arrecadar algumas moedinhas dos turistas mais generosos, mas não há quem consiga segurar a emoção num lugar daqueles ouvindo Schubert…

Pienza é uma cidadezinha única. Já foi muitas vezes definida como “a cidade utópica” ou a “cidade ideal”. Isso porque foi uma cidade totalmente planejada na Renascença. Pio II queria ter um retiro fora de Roma e resolveu reconstruir totalmente a sua vila natal. Ela acabou virando um marco do urbanismo. Pienza é tão encantadora que nos fez deixar Fizenze um dia antes do programado. Depois de caminhar pelas vielas e, mais uma vez, ficar encantados com as casas medievais enfeitadas com plantas e flores, encontramos um lugar mágico para nos hospedar chamado Antica Locanda, dirigido pela Barbara. Mas quem nos atendeu mesmo foi a mãe dela, a gentil Daniela, uma senhora que não fala inglês e obviamente nem português, mas teve boa vontade e paciência para tentar entender o meu pobre italiano. Assim, voltamos a Firenze, dormimos mais uma noite e fizemos o checkout na manhã seguinte para ficar em um apartamento com uma vista maravilhosa para o Val d'Orcia.

 

A cerca de uns 10km de Pienza, encontramos Montepulciano, cuja particularidade foi encontrar a vinícula Gattavecchi, do simpático italiano Gionata e da brasileira bahiana Lílian. Nós fomos recebidos pelo próprio Gionata, que fala português, e por seu filho. Logo, tivemos também a companhia de Jorge, irmão de Lílian, cujo sotaque bahiano é inconfundível. Ele toca e canta para os grupos de turistas que contratam Lílian para cozinhar numa mistura de gastronomia toscana com tempero bahiano. Visitamos a câmara subterrânea onde ficam os tonéis de carvalho para envelhecimento do vinho. Muito comum nesses locais, fomos apresentados a uma tumba etrusca ao fim de uma longa, fria e úmida escada. Vale à pena dar uma passada lá e conhecer.

 

O ponto alto da viagem: em Sant’Angelo in Colle, nós nos hospedamos em uma vinícola, que oferece serviço de agriturismo. Chama-se Posta l'Orciaia di Argiano (ATENÇÃO: se forem se hospedar lá e tentarem encontrar o lugar pelo nome Hotel Argiano, não vão encontrar. Tem que dizer o nome correto). São 3 apartamentos enormes e muito charmosos. Cada apto tem o nome de um dos vinhos produzidos pela azienda: Rosso di Montalcino com duas suites; o Lolengo, com quatro suites; o Suolo, com 5 suites. Todos são compostos por quartos com suite, sala ampla com TV LCD, som e dvd e mesa de jantar, lareira e cozinha montada completa. Da janela do quarto, a gente podia admirar a arquitetura da pequena igreja construída no século XVI. Caminhando até o final do jardim que fica em frente a escada do apartamento, chegamos a uma passagem para a piscina muito bem harmonizada com as árvores e corredor de plantas e flores.SDC16663

Na manhã seguinte à nossa chegada, fizemos um tour para conhecer o processo de fabricação do vinhos. Um outro casal, turistas vindos da Califórnia, nos EUA, havia marcado horário para visitar a vinícola e nos juntamos a eles. A guia nos explicou todos os passos e instalações para produzir os vinhos Argiano, incluindo o famoso Brunello di Montalcino. Ela nos mostrou onde são armazenados os vinhos para maturação, uma câmara subterrânea escavada para servir de tumba etrusca. A foto abaixo é de um grupo de vinhos guardados a sete chaves dentro de uma das tumbas, cuja produção data de 1970. Podemos ver o fungo preto que se formou durante esse tempo todo guardado. Imagine o valor de cada garrafa dessas…

SDC16584 

Como na maioria das aziendas da Toscana, eles também produzem azeite de oliva. Aliás, o prédio onde ficam os apartamentos já foi um depósito onde armazenavam o azeite produzido, chamado “Orciaia” em italiano. Por isso, o local tem o nome de Posta l’Orciaia di Argiano.

Esse lugar é fantástico. Coisa de filme. Só vendo pra crer. São construções que datam de 1582 com paredes de meio metro de largura incrustradas num campo de videiras e oliveiras. Não é propriamente um hotel e, portanto, não há serviço de quarto à noite. A maioria dos funcionários trabalha na vinícola durante o dia e há uma camareira que faz a arrumação, troca toalhas e lençóis e serve o café na mesa do apartamento às 8:00h. Mas após 18:00h não fica viva alma no local a não ser os hóspedes. Como nós éramos os únicos naqueles dias, ficamos sozinhos no paraiso. Acendi a lareira, fiz um risoto de trufas negras que compramos numa trattoria de Montalcino e abrimos um vinho rosé…

 

Após duas noites naquele lugar maravilhoso, seguimos viagem para Veneza, que segundo dizem é uma das cidade mais românticas do mundo. Depois da Toscana, foi difícil concordar com isso, mas, ainda assim, passamos bons momentos lá.

A primeira grande dica que dou: não há carro dentro de Veneza. Portanto, quem vai de carro, precisa deixa-lo fora da cidade. Tem um grande estacionamento chamado Tronchetto, que fica bem à direita de quem chega pela Ponte della Libertá que a liga Veneza ao continente e custa 21 euros por dia. Dali, a pega-se um vaporetto, que é uma operação de serviço de transporte público por barcos que trafegam no grande canal. Em 12 minutos estávamos no nosso destino.

Ficamos hospedados no hotel Gabrielli de frente ao grande canal por onde se vê passar os imensos navios de cruzeiros que chegam a Veneza. Ele fica a uns 500 metros da famosa Piazza di San Marco.

Na verdade, depois de passar pela Toscana, a primeira impressão de Veneza é de que é um grande camelódromo. SDC16728Nós estávamos acostumados a visitar cidadezinhas com poucos habitantes e algum movimento de turistas, mas nada comparado àquilo que vimos em Veneza. A foto ao lado é do passeio ao largo do grande canal.  Há inúmeras barracas de camelôs, nigerianos vendendo bolsas falsificadas da Louis Vuitton e Prada e indianos vendendo aqueles brinquedinhos iluminados que voam. Uma loucura!! Além disso, os hotéis e restaurantes nessa região da cidade têm um aspecto de velharia. Os prédios são revestidos de uma fuligem preta e não há manutenção ou o cuidado que existe em outras cidades.

Mas algumas coisas fizeram de Veneza também uma boa lembrança dessa viagem. SDC16727A primeira coisa que desfizemos foi a crença de que a cidade fede a esgoto. MENTIRA. Não tem nada disso. O cheiro é normal de cidade à beira mar. É fato que há becos em que se sente um forte cheiro de urina como em qualquer grande cidade. Mas não vamos generalizar. Quando começamos a pessear pelas vielas e os seus canais de água do mar, uma aura romântica, mágica pela própria condição de estar dentro d’água toma conta da gente. Esta foto mostra o final de uma SDC16751viela que termina numa escada para um dos canais estreitos que cortam toda a cidade. Para atravessar do outro lado, precisa encontrar uma das pontes que dão acesso. É muito bonito e intrigante.

Caminhando para a ponta sudeste da ilha, encontramos um grande parque, o Giardini Pubblici (Jardins Públicos) e atrás dele casas comuns dos moradores italianos da cidade. É uma parte bem tranquila e gostosa de se visitar. 

A Piazza di San Marco, onde fica a basílica é uma enorme obra de arte a céu aberto. Os detalhes das formas entalhadas no mármore, os afrescos pintados na fachada da igreja, as enormes estátuas em bronze de santos, cavalos, anjos afixadas no topo dos prédios são de arrepiar. A única coisa que estraga é a quantidade de gente que lota o lugar. SDC16795 

Na galeria em volta da praça, há cafés onde, à noite, pode-se sentar às mesas colocadas ao ar livre e ouvir música ao som de violinos, e pianos.  SDC16739Nela, também, podemos encontrar lojas de tudo que é tipo de coisas: roupas, sapatos, joias, lembranças, máquinas e suprimentos para fotografias, etc.

Uma coisa que me contaram e que a gente fica pensando como acontece é a invasão da água do mar na praça de San Marco. E realmente acontece. Na foto a seguir, podemos ver o chão da galeria no entorno da praça cheio de água. Para que os turistas possam visitar a basílica, no período do dia em que a praça fica alagada, são colocadas passarelas suspensas de madeira. Muito interessante.

Desde o Brasil, nós tínhamos a intenção de assistir a uma orquesta de instrumentos de cordas tocando As Quatro Estações de Antonio di Vivaldi. Nós já havíamos encontrado, pela internet, um grupo que se apresenta dentro de uma igreja chamada Chiesa di Santa Maria Formosa e fomos conferir. imageNo primeiro dia, assistimos a peças de Verdi, Pucini e outros com dois cantores líricos, um homem e uma mulher. Foi uma experiência muito gratificante, pois a acústica perfeita daquela igreja linda nos proporcionou momentos de grande prazer. Mas o ponto alto certamente foi no dia seguinte (pois é… nós voltamos), quando assistimos a cinco instrumentistas tocando Vivaldi: um violoncelo, três violinos e uma viola (é aquele violino maiorzinho). Simplesmente imperdível. Nós ficamos emocionados pela execução de uma das sequências musicais mais inspiradas de todos os tempos dentro de um lugar daqueles. Se tiver chance, não perca!!

Quando saimos da apresentação na igreja, já eram mais de 10 horas da noite e passamos pela Piazza San Marco e, como tinha chovido, havia pouquíssima gente nas ruas. Um dos cafés mantinha os músicos tocando e ao som de “The way you look tonight” eu e Fabiana dançamos romanticamente no meio da praça.

Depois de Veneza, fomos para Milão passar uma noite e viajar no dia seguinte para o Brasil. Como chegamos à tarde, fomos dar imageum passeio no centro da cidade e tivemos uma nova surpresa: estava acontecendo o Milano Fashion Week na Galleria Vittorio Emanuele II (foto ao lado), um lugar impressionante com lojas das griffes mais caras e badaladas do mundo da moda. Fora da galeria, estavam acontecendo shows de rock e música popular na Piazza del Duomo (prá variar tem um duomo).

 

Bem, essa foi a nossa viagem e eu espero que quem estiver lendo tire proveito das dicas e experiências pelas quais passamos. Se tiver alguma dúvida ou quiser alguma dica que não encontrou aqui, é só escrever para o endereço de email eider.arantes.oliveira@gmail.com.

sexta-feira, outubro 29, 2010

TOSCANA - ITÁLIA

SDC16232Finalmente, fomos à Itália. Foram 14 dias maravilhosos de uma comemoração atrasada dos nossos 20 anos de casados. Mas não fizemos como muitas pessoas que pagam um pacote para as principais cidades turísticas de um país. A nossa foi mais romântica e sem a obrigação de visitar locais badalados e cartões postais.

imageA primeira coisa que fizemos foi definir onde ficar e como aproveitar os dias. É claro que contamos com a ajuda habitual da nossa amiga Lélia, da Mundo Afora Viagens, para programar o roteiro, comprar passagens mais baratas, reservar hotéis, alugar o carro, contratar seguro e tirar a carteira internacional de habilitação. Além disso, em todas as situações em que precisamos de ajuda, ela sempre estava presente e respondia às mensagens de texto no celular.

Outra dica é que o celular da CTBC já tem roaming automático na Itália toda. Portanto, se você é cliente da CTBC, só precisa ligar no atendimento e dizer que vai viajar para o exterior e pronto.

A Alitalia não foi uma boa opção de companhia aérea. Tanto na ida, quanto na volta, as nossas poltronas não reclinavam direito. Os equipamentos de controle de vídeo e som são muito ruins e demoram a responder aos comandos. Da mesma forma, o serviço de bordo é péssimo e os comissários são arrogantes. Eu não me considero ufanista e falo inglês, mas acho um absurdo que num vôo que sai do Brasil para a Itália a tripulação só fale em idioma italiano ou inglês. E nem ao menos se esforçam para nos entender em português. Já viajei para a europa pela TAM e tanto a aeronave quanto a tripulação são excelentes.

Como queríamos passear pela Toscana e conhecer os seus encantos, decidimos nos hospedar primeiro em Firenze (Florença), a sua capital. Isso porque Firenze fica no centro da Toscana e tudo o que gostaríamos de ver ficava dentro de um raio de, no máximo, 100 Km. Alugamos um carro, que pegamos no aeroporto de Roma no dia em que chegamos. E aqui vão as primeiras dicas:

** Se vai alugar um carro na europa, peça um carro básico. Pela categoria paga, nós pegamos um Renault Clio que nada tem a ver com os do Brasil. São bem superiores e mais equipados do que os nossos.

** Não se esqueça de tirar a carteira internacional de habilitação. Demora de 10 a 15 dias para chegar e é a primeira coisa que pedem quando você vai retirar o carro.

** Leve um GPS com mapa atualizado. Até as estradinhas vicinais de terra estavam cadastradas e não tivemos nenhum problema para encontrar os caminhos. Fez toda a diferença…

** A autoestrada A1 tem um limite de velocidade de 130 Km/h, mas se você ficar à esquerda da via vai ser atropelado pelos Audi, BMW, Porshe, Ferrari que passam a, pelo menos, 180 Km/h.

** Estude o mapa da Itália pelo Google Maps (www.maps.google.com). Mesmo com GPS, é bom saber pra que lado está indo e se perto do seu destino tem uma outra cidadezinha que vale à pena dar um pulo.


Exibir mapa ampliado

Chegamos por Roma, mas pegamos logo a estrada a partir do aeroporto para Florença. Dizem que Roma tem um trânsito caótico e preferimos não enfrentá-lo naquele dia. Voltaríamos de trem depois, o que não aconteceu…

Como estávamos cansados da viagem de 11 horas de vôo e a diferença de 5 horas de fuso (+5h na Itália com relação ao Brasil) decidimos ir pela autoestrada para chegarmos logo e descansar um pouco. Mas, pelo caminho, eu (Fabiana dormia) avistei uma cidadela no topo de uma colina e resolvi sair da estrada para conhecer. Assim, ficamos encantados pela primeira cidadela que conhecemos na Toscana: Magliano Sabina. Não está na lista das nossas cidades-alvo, mas começamos lá mesmo a nos encantar pela arquitetura medieval e o cuidado que os moradores têm com a limpeza e as flores nos beirais das janelas e portas. Muito comum na Itália, eu fotografei (abaixo) uma casa com uma espécie de afresco da figura de Nossa Senhora com Jesus no colo. Despretenciosamente, entramos na igreja da cidade. Não tinha ninguém lá dentro e pudemos nos deliciar com a beleza das pinturas no teto e o órgão de tubos, que eu gostaria de ter ouvido ser tocado.

Passeamos por cerca de 1 hora em Magliano Sabina e seguimos viagem para Florença.

Em Firenze, ficamos no Anglo American Hotel Firenze, um 4 estrelas próximo ao centro da cidade e às principais atrações turísticas. Apesar de não ser o nosso objetivo ficar visitando museus e ícones turísticos, andamos bastante por Firenze já que dizem ser uma galeria de arte a céu aberto. Na verdade, a Toscana toda é uma obra de arte a céu aberto.

Especialmente, eu indico a Galleria Degli Uffizi para quem gosta de arte renascentista. Há inúmeras obras (pinturas e esculturas) de diversos artistas como Michelangelo, Leonardo Davinci e Caravaggio.

*** Dica quente: não deixe para comprar o bilhete de entrada para o Uffizi na hora. Compre pela internet, pois a fila de entrada para quem já comprou é bem menor. Se deixar para comprar na bilheteria, reserve pelo menos mais 1 hora e meia do seu dia para enfrentar a fila. Mas veja, na foto abaixo, porque vale a pena.

Caravaggio

A Galleria fica próxima à Piazza della Signoria, onde ficam o Palazzo Vecchio, a igreja Santa Croce e a Fontana del Nettuno. A quantidade de estátuas nessa praça e a qualidade do trabalho são impressionantes. Eu fiquei fascinado com os detalhes do pé da estátua da foto abaixo que parece viva. Vale à pena conferir.

SDC16112

Nas ruas em volta dessa praça, há uma infinidade de lojas para comprar as lembrancinhas. Há lojas pra todos os gostos e bolsos: de bugigangas a lojas como a da Ferrari, Louis Vuitton e Prada.

A uns 300 metros, fica a Piazza del Duomo, onde você pode visitar o Duomo da Cattedrale di Santa Maria del Fiore. Mas vá preparado(a), pois são mais de 400 degraus para chegar ao topo e ter a vista da foto abaixo. Se você tiver claustrofobia, não se aventure, pois o caminho é longo, estreito e cheio de gente subindo e descendo. Em alguns pontos da subida o congestionamento de pessoas não nos deixava ir para a frente em um local totalmente abafado.

SDC16078

Eu indico, em especial, dois restaurantes para jantar em Firenze:

Um deles é o Ristorante La Grotta Guelfa, que fica na via Pellicceria, 5R, perto da Piazza della Signorina. Tente uma mesa na parte externa do restaurante. Tem ceveja (birra), diversos vinhos e, caso queira experimentar, o da vinho da casa é muito bom. Na primeira página do menu, há opção de escolher um dos pacotes preparados para turistas que têm preços interessantes e são bem servidos, incluindo o vinho.

O outro restaurante muito charmoso é o Trattoria La Carabaccia, montado em uma antiga taberna do século XVII e que mantém, até hoje, LaCarabacciaos mesmos arcos de tijolos daquela época.  Descendo as escadas, há uma pequena adega com mesa e cadeiras que não dá para descrever, mas dá para mostrar na foto ao lado.

Carabaccia era um barco no formato de casca de noz, que transportava areia e sal pelo Arno, o rio que atravessa toda Fizenze. É também o nome de uma receita de sopa, encontrada no menu de vários restaurantes locais. Mas o que interessa é que a comida é excelente. Eu comi, como secondo piatto a famosa bisteca fiorentina fatiada que derretia na boca. 

Os italianos têm o costume de servir uma refeição completa composta da entrada, o primeiro prato, o segunto prato e a sobremesa. A entrada, ou como nós a conhecemos, o antipasto, tem como opções carpaccio de carne ou de atum, presunto crú com melão ou algum creme, a nossa conhecida bruschetta, crostini e algum tipo de salada. O primeiro prato (primo piatto) é basicamente massa do tipo spaghette, tagliatelle, fettuccine, farfalle, etc. O segundo prato (secondo piatto) é carne de vaca, peixe, coelho, carneiro, frango, porco. Alguns restaurantes oferecem várias opções de tipos de carnes e outros, mais simples, normalmente só vaca e porco.

*** DICA QUENTE: não deixe de pedir, como “digestivo”, o famoso limoncello, um licor de limão servido bem gelado. É imperdível.

image image

Bem, uma vez em Firenze, fizemos um roteiro básico para visitar as principais cidades num raio de até 70 km para as quais havíamos planejado ir. Assim, a oeste de Firenze, fomos a Lucca, Pisa e Vinci, a cidade onde Leonardo da Vinci nasceu.

Lucca é outra daquelas cidades medievais da Toscana que merecem reservar um dia para conhecer. Passear pelas ruelas, cuja largura não comporta 2 carros pareados, com calma e atento aos detalhes é revigorante. Aliás, a gente anda quilômetros e não se dá conta, pois sempre que pode dá uma paradinha para um lanchinho, um sorvete ou uma birra (cerveja em italiano) numa das muitas trattorias que existem por lá. A gente sempre encontra algo de diferente, inusitado, e fica horas admirando a paisagem. E paisagem bonita é o que não falta nesse lugar.

O primeiro registro de Lucca foi feito por Lívio que a mencionou como parte da República Romana desde pelo menos 218 a.C., sendo que em 180 a.C. ela constava como uma colônia romana, e como municipium em 90 - 89 a.C.

O centro histórico de Lucca preserva o projeto de ruas romano e a Piazza San Michele ocupa o local de um antigo forum. Vestígios de um anfiteatro ainda podem ser vistos na Piazza dell'Anfiteatro. Foi em Lucca que se deu a conferência de 56 a.C. que reafirmou a superioridade do Primeiro Triunvirato Romano

Pisa é controversa. Tem gente que diz não ver nada demais em Pisa a não ser a Torre famosa por ser inclinada. Mas eu particularmente (e a Fabiana também compartilha dessa opinião) adorei a praça onde fica a torre de Pisa. É muito bonita e intrigante. A torre é um espetáculo à parte, mais pela beleza arquitetônica e pelos detalhes entalhados no mármore branco do que propriamente por estar inclinada. Mas a composição do conjunto de prédios construídos nesse local aberto com um gramado onde todos se deitam para apreciar a paisagem é que dá uma sensação de paz, que só quem não tem sensibilidade para dizer que não gostou de Pisa.

Vinci é a cidade em que Leonardo da Vinci nasceu. Um dos maiores pintores do Renascimento e, possivelmente seu maior gênio, por ser também anatomista, engenheiro, matemático, músico, naturalista e filósofo, bem como arquiteto, escultor e reinventor da fábula na Itália.

Na verdade, a casa em que ele nasceu fica a uns 3 Km do centro da cidadezinha, mas o nome do gênio foi dado por causa da cidade (Leonardo di Ser Piero da Vinci – Leonardo, filho de Piero, de Vinci). Obviamente há um museu sobre ele lá. Mas não existem pinturas dele nesse lugar, mas um monte de aparelhos, metodologias, máquinas e artefatos que ele construia e utilizava para entender a geometria das figuras, os efeitos de luz e sombra, perspetivas e algumas miniaturas das máquinas que projetava. Só estudando um pouco do que é mostrado lá para entender a sua genialidade. Antes de desenhar e pintar, ele entendia toda a ciência por trás daquela imagem. É incrível.

Além disso, mais uma vez, a paisagem fora dos muros da cidade é inebriante. Se subir na torre do museu, dá pra ver toda a região.

Ao sul de Firenze, nós fomos visitar o vale do famoso vinho Chianti, Greve in Chianti. É uma região igualmente bonita pelas grandes plantações de uvas e azeitonas. Nós só não conseguimos degustar o vinho, pois a vinícola em que entramos só abria depois das 14:30h e não queríamos esperar por 2 horas.

Mais ao sul ainda, nós visitamos também cidades como Siena, San Gimignano, Pienza.

Siena é universalmente conhecida pelo seu património artístico e pela notável unidade estilística do seu centro histórico, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. Segundo a mitologia romana, Siena foi fundada por Sénio, filho de Remo, e podem-se encontrar numerosas estátuas e obras de arte mostrando, tal como em Roma, os irmãos amamentados pela loba. Foi um povoamento etrusco e depois colônia romana (Saena Julia) refundada pelo imperador Augusto. Era, contudo, uma pequena povoação, longe das rotas principais do Império. No século V, torna-se sede de uma diocese cristã. A praça principal, em forma de meia-lua, é a Piazza del Campo, e é onde se encontra o Palazzo Pubblico (câmara municipal ou prefeitura, século XIV), com o famoso Campanile (campanário), e onde se encontram os afrescos de Simone Martini e Ambrogio Lorenzetti e relevos da Fuente Gaia de Jacopo della Quercia. Nesta praça também está a alta Torre del Mangia. Na Piazza del Campo realiza-se a famosa e emotiva corrida de cavalos chamada Palio di Siena. O Palio é feito duas vezes por ano, a 2 de Julho e 16 de Agosto, com 10 cavalos e cavaleiros, e cada par representa um dos 17 bairros da cidade, designados contrade. Excepcionalmente, em anos de Jubileu realiza-se um terceiro Palio.

Vale à pena visitar a Biblioteca Comunale degli Intronati. Existem registros manuscritos (foto abaixo) das batalhas travadas entre as cidades próximas e Siena nos séculos XII e XIII escritos pelos seus próprios comandantes.

Ah, não deixe de tomar um gelato (sorvete) italiano… é muito bom.

San Gimignano foi um capítulo à parte da nossa viagem. Cidadezinha de 7.105 habitantes e com um charme todo especial, foi fundada no século X no topo de uma colina do Val D’Elsa (Colle di Val D’Elsa) pelos Etruscos. Além das ruas e casas geminadas de pedras medievais, foi onde nós mais vimos afrescos e símbolos em relevos daquela época (fotos). Mas o mais marcante aconteceu quando nós entramos em uma espécie de pátio, um beco de casas muito floridas e arrumadas com uma acústica perfeita e um homem tocando Ave Maria (Schubert) na flauta transversa. Tudo bem que ele estivesse ali para arrecadar algumas moedinhas dos turistas mais generosos, mas não há quem consiga segurar a emoção num lugar daqueles ouvindo Schubert…

Pienza é uma cidadezinha única. Já foi muitas vezes definida como “a cidade utópica” ou a “cidade ideal”. Isso porque foi uma cidade totalmente planejada na Renascença. Pio II queria ter um retiro fora de Roma e resolveu reconstruir totalmente a sua vila natal. Ela acabou virando um marco do urbanismo. Pienza é tão encantadora que nos fez deixar Fizenze um dia antes do programado. Depois de caminhar pelas vielas e, mais uma vez, ficar encantados com as casas medievais enfeitadas com plantas e flores, encontramos um lugar mágico para nos hospedar chamado Antica Locanda, dirigido pela Barbara. Mas quem nos atendeu mesmo foi a mãe dela, a gentil Daniela, uma senhora que não fala inglês e obviamente nem português, mas teve boa vontade e paciência para tentar entender o meu pobre italiano. Assim, voltamos a Firenze, dormimos mais uma noite e fizemos o checkout na manhã seguinte para ficar em um apartamento com uma vista maravilhosa para o Val d'Orcia.

 

A cerca de uns 10km de Pienza, encontramos Montepulciano, cuja particularidade foi encontrar a vinícula Gattavecchi, do simpático italiano Gionata e da brasileira bahiana Lílian. Nós fomos recebidos pelo próprio Gionata, que fala português, e por seu filho. Logo, tivemos também a companhia de Jorge, irmão de Lílian, cujo sotaque bahiano é inconfundível. Ele toca e canta para os grupos de turistas que contratam Lílian para cozinhar numa mistura de gastronomia toscana com tempero bahiano. Visitamos a câmara subterrânea onde ficam os tonéis de carvalho para envelhecimento do vinho. Muito comum nesses locais, fomos apresentados a uma tumba etrusca ao fim de uma longa, fria e úmida escada. Vale à pena dar uma passada lá e conhecer.

 

O ponto alto da viagem: em Sant’Angelo in Colle, nós nos hospedamos em uma vinícola, que oferece serviço de agriturismo. Chama-se Posta l'Orciaia di Argiano (ATENÇÃO: se forem se hospedar lá e tentarem encontrar o lugar pelo nome Hotel Argiano, não vão encontrar. Tem que dizer o nome correto). São 3 apartamentos enormes e muito charmosos. Cada apto tem o nome de um dos vinhos produzidos pela azienda: Rosso di Montalcino com duas suites; o Lolengo, com quatro suites; o Suolo, com 5 suites. Todos são compostos por quartos com suite, sala ampla com TV LCD, som e dvd e mesa de jantar, lareira e cozinha montada completa. Da janela do quarto, a gente podia admirar a arquitetura da pequena igreja construída no século XVI. Caminhando até o final do jardim que fica em frente a escada do apartamento, chegamos a uma passagem para a piscina muito bem harmonizada com as árvores e corredor de plantas e flores.SDC16663

Na manhã seguinte à nossa chegada, fizemos um tour para conhecer o processo de fabricação do vinhos. Um outro casal, turistas vindos da Califórnia, nos EUA, havia marcado horário para visitar a vinícola e nos juntamos a eles. A guia nos explicou todos os passos e instalações para produzir os vinhos Argiano, incluindo o famoso Brunello di Montalcino. Ela nos mostrou onde são armazenados os vinhos para maturação, uma câmara subterrânea escavada para servir de tumba etrusca. A foto abaixo é de um grupo de vinhos guardados a sete chaves dentro de uma das tumbas, cuja produção data de 1970. Podemos ver o fungo preto que se formou durante esse tempo todo guardado. Imagine o valor de cada garrafa dessas…

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Como na maioria das aziendas da Toscana, eles também produzem azeite de oliva. Aliás, o prédio onde ficam os apartamentos já foi um depósito onde armazenavam o azeite produzido, chamado “Orciaia” em italiano. Por isso, o local tem o nome de Posta l’Orciaia di Argiano.

Esse lugar é fantástico. Coisa de filme. Só vendo pra crer. São construções que datam de 1582 com paredes de meio metro de largura incrustradas num campo de videiras e oliveiras. Não é propriamente um hotel e, portanto, não há serviço de quarto à noite. A maioria dos funcionários trabalha na vinícola durante o dia e há uma camareira que faz a arrumação, troca toalhas e lençóis e serve o café na mesa do apartamento às 8:00h. Mas após 18:00h não fica viva alma no local a não ser os hóspedes. Como nós éramos os únicos naqueles dias, ficamos sozinhos no paraiso. Acendi a lareira, fiz um risoto de trufas negras que compramos numa trattoria de Montalcino e abrimos um vinho rosé…

 

Após duas noites naquele lugar maravilhoso, seguimos viagem para Veneza, que segundo dizem é uma das cidade mais românticas do mundo. Depois da Toscana, foi difícil concordar com isso, mas, ainda assim, passamos bons momentos lá.

A primeira grande dica que dou: não há carro dentro de Veneza. Portanto, quem vai de carro, precisa deixa-lo fora da cidade. Tem um grande estacionamento chamado Tronchetto, que fica bem à direita de quem chega pela Ponte della Libertá que a liga Veneza ao continente e custa 21 euros por dia. Dali, a pega-se um vaporetto, que é uma operação de serviço de transporte público por barcos que trafegam no grande canal. Em 12 minutos estávamos no nosso destino.

Ficamos hospedados no hotel Gabrielli de frente ao grande canal por onde se vê passar os imensos navios de cruzeiros que chegam a Veneza. Ele fica a uns 500 metros da famosa Piazza di San Marco.

Na verdade, depois de passar pela Toscana, a primeira impressão de Veneza é de que é um grande camelódromo. SDC16728Nós estávamos acostumados a visitar cidadezinhas com poucos habitantes e algum movimento de turistas, mas nada comparado àquilo que vimos em Veneza. A foto ao lado é do passeio ao largo do grande canal.  Há inúmeras barracas de camelôs, nigerianos vendendo bolsas falsificadas da Louis Vuitton e Prada e indianos vendendo aqueles brinquedinhos iluminados que voam. Uma loucura!! Além disso, os hotéis e restaurantes nessa região da cidade têm um aspecto de velharia. Os prédios são revestidos de uma fuligem preta e não há manutenção ou o cuidado que existe em outras cidades.

Mas algumas coisas fizeram de Veneza também uma boa lembrança dessa viagem. SDC16727A primeira coisa que desfizemos foi a crença de que a cidade fede a esgoto. MENTIRA. Não tem nada disso. O cheiro é normal de cidade à beira mar. É fato que há becos em que se sente um forte cheiro de urina como em qualquer grande cidade. Mas não vamos generalizar. Quando começamos a pessear pelas vielas e os seus canais de água do mar, uma aura romântica, mágica pela própria condição de estar dentro d’água toma conta da gente. Esta foto mostra o final de uma SDC16751viela que termina numa escada para um dos canais estreitos que cortam toda a cidade. Para atravessar do outro lado, precisa encontrar uma das pontes que dão acesso. É muito bonito e intrigante.

Caminhando para a ponta sudeste da ilha, encontramos um grande parque, o Giardini Pubblici (Jardins Públicos) e atrás dele casas comuns dos moradores italianos da cidade. É uma parte bem tranquila e gostosa de se visitar. 

A Piazza di San Marco, onde fica a basílica é uma enorme obra de arte a céu aberto. Os detalhes das formas entalhadas no mármore, os afrescos pintados na fachada da igreja, as enormes estátuas em bronze de santos, cavalos, anjos afixadas no topo dos prédios são de arrepiar. A única coisa que estraga é a quantidade de gente que lota o lugar. SDC16795 

Na galeria em volta da praça, há cafés onde, à noite, pode-se sentar às mesas colocadas ao ar livre e ouvir música ao som de violinos, e pianos.  SDC16739Nela, também, podemos encontrar lojas de tudo que é tipo de coisas: roupas, sapatos, joias, lembranças, máquinas e suprimentos para fotografias, etc.

Uma coisa que me contaram e que a gente fica pensando como acontece é a invasão da água do mar na praça de San Marco. E realmente acontece. Na foto a seguir, podemos ver o chão da galeria no entorno da praça cheio de água. Para que os turistas possam visitar a basílica, no período do dia em que a praça fica alagada, são colocadas passarelas suspensas de madeira. Muito interessante.

Desde o Brasil, nós tínhamos a intenção de assistir a uma orquesta de instrumentos de cordas tocando As Quatro Estações de Antonio di Vivaldi. Nós já havíamos encontrado, pela internet, um grupo que se apresenta dentro de uma igreja chamada Chiesa di Santa Maria Formosa e fomos conferir. imageNo primeiro dia, assistimos a peças de Verdi, Pucini e outros com dois cantores líricos, um homem e uma mulher. Foi uma experiência muito gratificante, pois a acústica perfeita daquela igreja linda nos proporcionou momentos de grande prazer. Mas o ponto alto certamente foi no dia seguinte (pois é… nós voltamos), quando assistimos a cinco instrumentistas tocando Vivaldi: um violoncelo, três violinos e uma viola (é aquele violino maiorzinho). Simplesmente imperdível. Nós ficamos emocionados pela execução de uma das sequências musicais mais inspiradas de todos os tempos dentro de um lugar daqueles. Se tiver chance, não perca!!

Quando saimos da apresentação na igreja, já eram mais de 10 horas da noite e passamos pela Piazza San Marco e, como tinha chovido, havia pouquíssima gente nas ruas. Um dos cafés mantinha os músicos tocando e ao som de “The way you look tonight” eu e Fabiana dançamos romanticamente no meio da praça.

Depois de Veneza, fomos para Milão passar uma noite e viajar no dia seguinte para o Brasil. Como chegamos à tarde, fomos dar imageum passeio no centro da cidade e tivemos uma nova surpresa: estava acontecendo o Milano Fashion Week na Galleria Vittorio Emanuele II (foto ao lado), um lugar impressionante com lojas das griffes mais caras e badaladas do mundo da moda. Fora da galeria, estavam acontecendo shows de rock e música popular na Piazza del Duomo (prá variar tem um duomo).

 

Bem, essa foi a nossa viagem e eu espero que quem estiver lendo tire proveito das dicas e experiências pelas quais passamos. Se tiver alguma dúvida ou quiser alguma dica que não encontrou aqui, é só escrever para o endereço de email eider.arantes.oliveira@gmail.com.